Terminal Turístico Naval

No final do século XIX, a região norte do Estado de Santa Catarina passou por um grande e vigoroso processo de desenvolvimento econômico, com o crescimento das atividades de escoamento de produtos pela nova estrada de terra que integrava Joinville ao planalto norte do estado. Os principais produtos escoados eram a Erva-Mate e as Madeiras Nobres, que após serem processadas em Joinville, seguiam viajem pelo Rio Cachoeira e pela Baía Babitonga até os primeiros trapiches construídos em São Francisco do Sul.

Um dos pontos com boa profundidade escolhido na orla da Baía Babitonga para a construção de um destes trapiches foi o local conhecido na época como Ponta das Pedras onde hoje encontra-se instalado o Terminal Turístico de Passageiros. No decorrer de sua existência, o imóvel trocou de mãos, pertencendo a vários donos como: a empresa A. BATISTA (do Joinvillense Sr. Abdom Batista), Antônio Tavares de Oliveira, Alois Morrisen, União Mercantil Brasileira e depois a empresa SAMRIG - Sociedade Anônima Moinho Rio Grande, com sede na cidade de Santos/SP, de onde veio o nome de Trapiche Santista.

Todo o trigo importado da Argentina passava por ali, sendo descarregado pelas barcas (chamadas de chatas) que eram puxadas por rebocadores, levando o trigo para o Moinho Santista de Joinville, aproveitando a viagem da volta para trazer outras mercadorias. A primeira torre por muitos anos foi ocupada pela Associação dos Práticos do Porto e da Barra. Na outra torre, funcionavam os escritórios da SAMRIG e a partir da década de 1940, ali se instalou a administração da firma G.A.Valente, concessionária do Armazém.

Anos depois, foi utilizado como sede da Inspetoria Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura. Por volta do ano 1900, foi iniciada a construção de uma estrutura portuária, dotada de pequenos armazéns e um trapiche chamado de "Trapiche Portela" que movimentava cargas e fornecia água para as embarcações. Pouco tempo depois, dado o aumento de demanda, as instalações mudaram de dono. A estrutura existente teve de se adequar a movimentação crescente de cargas e os novos proprietários adaptaram a estrutura demolindo as construções originais de madeira, ampliando o trapiche e construindo uma muralha em volta do local. Diferente da estrutura de casas baixas anteriormente construídas, a nova estrutura ocupava uma área com mais de 1.300 m² possuindo edifícios, galpões e muralhas. A estrutura ainda comportava um trapiche em forma de "T", construído sobre estacas de madeira, com 26 pés de profundidade, apoiando-se em paredões de pedra e alvenaria, com 61 m de frente e 22 m de fundos, tendo ainda linhas de trilhos utilizadas por vagonetes. Foram erguidas duas torres uma em cada lado da estrutura e entre elas um armazém para as cargas mais sensíveis, cujo acesso era feito por enormes portões, tanto pela rua como pelo trapiche.

A passagem do tempo foi muito dura com o local. Nos anos 1960, alguns anos após a inauguração do porto público de São Francisco do Sul, o local deixou de ser economicamente viável e o velho trapiche, agora sem uso e manutenção, não resistiu por muitos anos, cedendo à ação do sol, das chuvas e dos temporais. A muralha, as torres e o armazém seguiram o mesmo destino, ruindo quase que por completo. Anos mais tarde, o que existia do Trapiche Santista foi adquirido pela Babitonga Indústria e Comércio de Pesca. Em seguida, o imóvel passou para o patrimônio do Banco do Brasil.

O tempo passou e quase uma década depois, no final dos anos 1990, o município de São Francisco do Sul adquiriu o domínio útil sobre a propriedade. No início dos anos 2000, as ruínas do antigo Trapiche e Armazém do Santista passaram por uma grande obra de restauro no qual as velhas estruturas foram totalmente reconstruídas, recuperando todo o seu esplendor. A estrutura que antes abrigava o armazém foi parcialmente coberta e hoje o local é utilizado como Terminal Turístico para embarque e desembarque promovendo o processo receptivo de turistas e passageiros dos transatlânticos que por lá iniciam seus tours na cidade e região. O espaço também é destinado para a realização de eventos públicos como o Festival Gastronômico São Chico em Sabores, a Feira do Livro e Feira dos Artesãos da Ilha durante a Festilha (Festa das Tradições da Ilha).

 

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