A Mulher Encantada

Contavam os antigos, que aqui no Iperoba, tinha uma mulher que era encantada. Tal mulher nunca saia de casa. Ninguém conseguiu vê-la de corpo inteiro. Diziam que na casa dela havia uma porta dessas que existem até hoje, onde só se abre a parte de cima. Uma porta dividida no meio, fazendo com que quando a parte debaixo está fechada, e a de cima aberta, ela pareça com uma janela. É que as vezes ela ficava ali debruçada na meia porta olhando para o mar. Diziam que ela ficava horas vendo o mar e chorando. Era uma mulher muito bonita de rosto, mas muito estranha e não teve filhos. Ela não era daqui. Veio de outro lugar, não se sabe de onde. Diziam que o velho Lemo, o marido dela, achou ela perdida na Ilha do Iriri ou em algum banco de areia por ali. Uns diziam que ela era uma sereia que perdeu o rabo de peixe porque casou com o Lemo. Na verdade o que contavam é que todo mundo tinha um pouco de medo dela. O diabo que jure se ela não era uma mulher encantada e por isso ela chorava, já que tinha perdido o rabo e não podia mais voltar para o mar.

Lenda contada por Maria José de Freitas Maia

Publicada por Andréa de Oliveira no livro ‘’’A Pa-lavra - Entre o Oral e o Escrito’’

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