A procissão dos mortos da praia grande

O meu pai era um homem muito sério o nome dele era Osvaldo da Silva mais conhecido como Quilha, porque ele tinha um osso no peito como uma quilha de navio. Um dia eu perguntei pra ele se era verdade que tem gente que vê assombração.
Eu já era moça casada e com filhos. Ele disse que sim e que ele próprio já tinha visto assombração. me contou que em uma noite de inverno quando ele foi pescar tainha lá na praia Grande, no canto da pedra perto do cemitério. Ele já estava na beira d´água, quando viu uma procissão onde cada pessoa levava uma vela na mão. Ele percebeu que aquilo era coisa do outro mundo, tinha algo de sobrenatural.
Eu perguntei o que ele havia feito quando viu aquela cena. Ele respondeu que com muito respeito olhou para o mar e deixou passar a procissão porque aquilo não era dele,não pertencia à ele questionar o fato. Continuou pescando em respeito e fez de conta que não era nada. No fundo ele sabia que era assombração, mas ignorou.

Contada por Leonira Souza Silva no dia 17 de julho de 2012
Publicada por Andréa de Oliveira no Livro “ A Palavra e o Oral”

 

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