A vela que virou canela

Conta-se o seguinte: Uma filha de escravos que vivia na vila costuma contar que os escravos quando souberam da construção da igreja sobre o cemitério onde eram enterrados seus descendentes, ficaram muito tristes. Os anos passaram, a igreja foi erguida adeus cemitério. Contava ela, que a partir daquela data, todas as sextas-feiras, em especial na sexta-feira Santa, saía da igreja pela sacristia uma enorme procissão das almas dos escravos, guiados pela alma de alguns padres, com um ritual esquisito, muito canto e velas enormes acesas. Davam a volta na igreja e retornavam por outra porta lateral. Na época, tinha umas casas antigas, onde hoje é a Caixa Econômica Federal, e em uma destas casas tinha uma moça que era vidente. Ela ficava a sondar pela janela a procissão seguir, e sentia um desejo enorme de ir junto. Até que um dia, durante a procissão, chegou junto à janela uma daquelas almas com uma enorme vela e deu para a moça e disse-lhe que só apagasse depois da procissão e que guardasse em um canto da casa. Ela fez conforme o tratado. No dia seguinte, logo que acordou, ela correu para o canto da casa onde havia deixado a vela, só que no lugar da vela tinha uma canela de um espírito da procissão. Agora fico a imaginar se isto foi verídico ou foi mais uma daquelas histórias, ou lendas fantásticas contadas por nossos avós.

Conto de Mirella Pallu no Livro Histórias e Lendas de São Francisco do Sul de Angela Cristina da Silva (in memorian)

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